CAPÍTULO VIII
A MULHER SAMARITANA

B - A INCLUSÃO

Ante as transformações pelas quais o mundo deveria passar, as palavras de Jesus, há dois mil anos, nas passagens da Judéia, representam um marco e um incentivo ao progresso humano. A mensagem inserida na história da mulher samaritana é o apelo à inclusão.

Vítima de discriminação religiosa e social, segregada pelos donos da religião e os nacionalistas de sua época, representantes do poder temporal, a mulher de Samaria viveu momentos interessantes, decisivos e importantes para todos nós que buscamos em sua experiência a inspiração para as experiências que vivenciamos.

O preconceito gerou a segregação, o gueto, a dificuldade de integração. Samaria trazia na história o retrato de uma época. Não havia sequer um ponto em comum entre os costumes sociais samaritanos e judaicos. O retrato da anarquia era o mais próximo que o judeu conseguia esboçar a respeito de seus irmãos samaritanos. Foram os samaritanos rejeitados, expulsos da convivência social com seus irmãos de genealogia, os judeus, mas ambos os povos ainda assim guardavam a fé num mesmo Deus e Senhor.

Ao eternizar a mensagem da mulher samaritana nas páginas do Evangelho, o Mestre quis deixar claro para a posteridade que Ele, o rabi de todos nós, trazia uma mensagem inclusiva. O Evangelho é inclusivo. Jesus sempre desafiou os preconceitos e o status quo, convidando para a ceia com o Pai aqueles que horrorizaram os próprios apóstolos. Da mulher samaritana ao endemoniado gadareno; de Maria de Magdala a Zaqueu, o publicano, Jesus sempre se confraternizou com os marginalizados da sociedade judaica.

Ao abrir as portas para o diálogo, a convivência e a reintegração social e espiritual com o povo da Samaria, Jesus quis deixar transparente a possibilidade de conviver com as diferenças.

Não havia na época - quanto não há hoje - a necessidade de diferenciar, separar ou rejeitar aqueles que pensam, agem ou têm algum comportamento diferennte do nosso. A mensagem de inclusão é de uma clareza diamantífera. Não há como segregar; não há como exaltar as diferenças, muitas vezes criadas e mantidas pela ignorância das leis da natureza.

Jesus, de forma sábia, já lançava as bases claras e imorredouras da política divina. Já, há dois mil anos, era tempo de inclusão.

A mulher samaritana, símbolo da reintegração e da promoção de valores humanos acima das diferenças, ainda hoje, no século XXI, permanece extremamente atual e emerge das páginas do Evangelho como apelo aos modernos seguidores de Jesus.

Estevão