POSFÁCIO
C-TOLERÂNCIA: UMA GRANDE VERDADE

No dia em que nós, espíritas, deixarmos de prezar a liberdade de expressão e de interpretação dos fatos, igualaremo-nos ao inquisidor e ao que de mais mesquinho o homem já fez com a religião.

No dia em que abandonarmos a ética do codificador, que combatia as idéias de seus oponentes sem desrespeitá-los como seres humanos, trairemos o princípio mais elementar do espiritismo e da mensagem de Jesus.

No dia em que proibirmos livros e acreditarmos que há entre nós aqueles aptos a determinar o que o outro deve ou não deve conhecer, sob a alegação pretensiosa de que "o povo não está pronto" para decidir por si próprio, evocaremos o argumento dos ditadores de todas as épocas e nos converteremos em tiranos da sabedoria.

Acordemos!

Os espíritos superiores já fizeram soar a trombeta.

Derramaram sobre a humanidade a água cristalina do ensinamento espírita porque, nas palavras do Espírito Verdade, "são chegados os tempos em que todas as coisas devem ser restabelecidas no seu verdadeiro sentido". A população está pronta, sim, e sedenta de educação para a autonomia.

A proposta espírita é tão subversiva como o próprio Jesus ...

Tornaremo-nos modernos escribas e fariseus, que foram duramente repreendidos pelo Mestre em inúmeras ocasiões, no dia em que valorizarmos mais o conhecimento diletante, a pureza doutrinária, o debate sobre o corpo fluídico de Jesus, o doutrinário e o anti-doutrinário que o trabalho em nome da caridade e do esclarecimento de consciências.

Quem tem a impressão de que estou exagerando, procure reler o alerta de Jesus e, depois, de Kardec no texto 'Verdadeira pureza e mãos não lavadas, constante do capítulo Bem-aventurados os puros de coração, em O Evangelho segundo o Espíritismo.

Para amarmo-nos uns aos outros não é necessário que pensemos de modo exatamente idêntico; isso não é nem ao menos desejável. É preciso aprender a conviver com o diferente, respeitar e valorizar a diversidade. Tolerância é a palavra de ordem.

Leonardo Moller